terça-feira, 15 de janeiro de 2013

É sábado, chove fraco mas o suficiente pra incomodar. A maioria das pessoas veste casacos grossos e tênis, ninguém quer se arriscar com o frio que teima em dominar a cidade em pleno alto verão. Estou na estação da República, esperando a transferência para a linha vermelha. Vai ser a primeira vez, nos quase seis meses que moro aqui, que faço o trajeto até a zona leste. Parece meio absurdo quando digo em voz alta... mas São Paulo, muito mais do que o Rio onde nasci e cresci, é uma cidade dividida. Nunca houve um motivo, embora houvesse curiosidade, até que hoje enfim largo o conforto do familiar. Quanto mais eu olho, mais fica claro que aqui, a pobreza não tá tão na cara da sociedade como acontece na chamada “Cidade Maravilhosa”, estampada nas favelas e desmitificada nas areias da praia, onde todo mundo fica ou finge ser brother. Ela é empurrada pra debaixo do tapete em periferias longínquas, de onde ninguém quer falar e portanto ninguém precisa saber. Mas não é tão simples assim, e não importa quão altas sejam as grades do seu condomínio, as ruas, por enquanto ainda são de livre acesso... ...e nos fins de semana, os trens se enchem dos mais diferentes sorrisos, sotaques, cabelos, alturas e corpos com um único propósito, aproveitar a cidade que também é deles. Que sem eles, não funcionaria física e financeiramente, mas ninguém, provavelmente nem eles mesmos, vão reconhecer. Não é lucro nem jogo, e a verdade é que muitos deles nem sabem. Sentada no banco do metrô, eu penso quantos Brasis, cabem em São Paulo ?