quinta-feira, 29 de abril de 2010

Recanto, meu canto...

O sol aparece pelas frestas das janelas de madeira, mas diferente de tantas outras vezes, agora eu me ponho de pé e o convido a entrar.
Com o vento nos cabelos e de frente praquela paisagem cheia de cores e texturas que me enchem os olhos num espetáculo particular, eu me vejo distante daquela menina que fugia das manhãs por medo ou preguiça.
É aqui, em meio a essa mistura de silêncio e suaves sons, quase timidos, como o sussurrar das folhas de uma arvore ou o canto de um passaro, que descubro a graça e o poder da simplicidade...
Eu continuo precisando do asfalto, do barulho, da gente, da cidade e ela de mim. Mas aqui, eu encontro o fôlego que preciso, algumas das peças que me faltam e a calma que lugar quase nenhum me dá.
Protegida pela sombra dos três pinheiros, cercada pelas flores e lembranças de uma doce velha infância numa casa de portão e janelas azuis, aquela em cima do mundo...
...eu tenho meu refúgio...
Deixo pra trás a realidade conturbada e até mesmo as fantasias necessárias que criei, para voltar aonde um dia eu soube ser somente uma.
...e o vento beija o meu rosto, o cheiro das flores invade o quarto e eu sorrio, leve, despreocupada. Enfim me lembro como é estar bem...

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Acontece como em tantas outras vezes antes, e já esgotei assim como estou esgotada do meu estoque de desculpas e justificativas que repito pra mim mesma e pros outros, tentando tornar um pouco menos escroto esse meu comportamento.

Mas enquanto eu cuido de minhas feridas, pelo menos daquelas que consigo enxergar, a garota do outro lado do espelho me fuzila com os olhos... uma mistura de deboche e pena. Tudo aquilo que empurro e que tento impedir que volte à superfície parece vir à tona através dela, através de mim... e me tira do sério. Eu me tiro do sério.

Eu perco o rumo ou faço questão de sair dele; me jogo em qualquer jogo, por necessidade ou distração; brinco com fogo e depois reclamo quando ele queima aquilo ou aqueles que amo... vivo perdida, vivo reclamando, dando de cara no chão, subindo pelas paredes, caindo ou jogada num canto qualquer em busca de atenção ou de silêncio absoluto. Eu nunca sei o que estou buscando, apenas sei que nada nunca é suficiente... nada nunca me faz parar, nem para essa necessidade histérica dentro de mim que dita meus passos e me controla quando controle é a última coisa que passa pela minha mente. Mas eu quero mais, eu quero o novo... eu estou simplesmente esgotada de me esgotar.

Não há quem me leve muito à sério. Eu já estive por aqui muitas vezes, fiz promessas e disse palavras bonitas, que eu julgava sinceras, cujas intenções eram reais mas que apesar de tanto, nunca deixaram de ser apenas isso... mas ainda assim, eu decido fazer outra aposta. Mas desta vez, não me contento em me dar apenas o benefício da dúvida. Quero acreditar em mim, mesmo que a minha história não me dê muitos motivos palpáveis ou racionais para tal.

Foda-se. O que passou, passou... deixa passar. Só assim podemos aproveitar o agora sem culpa, peso ou seqüelas que nos fazem cair em antigos e batidos padrões, e enfim, dar uma chance limpa, digna, pro futuro que nos aguarda.


...Até eu, tenho o direito de um recomeço. Só desse jeito, a vida pode ser realmente vivida, aprendi por aí...