quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Verso que não rima, sorriso apagado do rosto, levado pelo tempo ou pela vida, sei lá... que ficou na memória e só. Já não te vejo mais com as mesmas cores, nem sinto em mim o você que um dia existiu.
Palavras soltas, silêncios gritantes e outros abafados... capítulo incompleto, mas página virada. Melhor assim.
O ritmo escapa, tal qual o fôlego e as verdades que não ditas acabam se tornando lenda, se confundem, se perdem até virar pó. Até não importar mais... e aí não resta mais nada. A música acabou, a dança também.
...e o mundo girou, o tempo não perdoou, o amor continua mas sozinho não é suficiente...

Uma cicatriz invisível, encontro desencontrado, erro e acerto de mim.
Começo, meio e fim.

domingo, 17 de outubro de 2010


Estou girando e girando, sem saber como ou quando parar... nesta dança onde tento sem jeito nem tato me equilibrar entre a realidade e a minha versão dela. São tantas que fica difícil manter a conta... e cada passo, pirueta, movimento por mais leve que faço pode levar tudo abaixo de vez comigo.

O medo começa a aparecer onde antes nunca houve espaço pra ele, e eu me pergunto como me seguiu e me encontrou aqui. Na fortaleza de idéias, tolas, coloridas, fugazes, vivazes, vorazes, próprias, avassaladoras tais quais as memórias que povoam esse meu mundinho.

...volta, antes que seja tarde demais e só reste o pó pra te fazer companhia. É difícil conviver com sombras e pedaços do que um dia foi você, uma voz familiar me diz quase como que numa última tentativa. Uma mão estendida no meio do tornado que me lancei sem esperanças e que parece forte o suficiente pra me tirar dali, ou pelo menos me ajudar a abrir os olhos, um de cada vez, até que na hora certa eu entenda o que pareço ainda não ter capacidade pra enxergar.

Tantos já se foram, outros tantos eu mandei embora, nem sei quantos afastei de mim por infantilidade, inconsequência, medo, instabilidade ou incapacidade de retribuir o que me era dado tão genuína e expressivamente. É, eu perdi. Eles, a mim mesma e sabe se lá mais o quê... mas você continua.

E eu posso ainda estar girando, meio perdida, meio fudida, mas enquanto houver sua voz por perto, de certo, eu sempre terei um jeito de encontrar um caminho pra casa... pra nós. Por mais duros que sejam certos capítulos, mais longos que sejam os hiatos, menos poéticos os momentos do que merece, seja como for, a nossa história continua. Nessa e em quantas vidas vierem, porque é em você que encontro parte de mim... e isso diz muito.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010




Existe uma nova Rainha no baralho. Não tem o coração da Rainha de Copas, mas muitas vezes é seu ímpeto quem a controla. Escrava dos desejos, sejam eles quais forem...


Não é do naipe de Ouros, mas pode facilmente ser confundida com tal realeza se assim desejar. Ao mesmo passo que sem motivos nem porquês, joga tudo pro alto e revela a farsa, deixando escapar na risada sua originalidade plebéia.


Rainha de Espadas ou Copas não a intimidam, no País das Maravilhas, neste ou em qualquer outro que seja. A vida lhe deu malemolência de sobra... sua realeza se explica, se experimenta e se observa na malandragem com que ela leva quem a leva; seja lá a vida ou quem mais vier.


Distante, distinta e diferente de todas as outras, mas ainda assim, Rainha, e como a de Paus não retrocede nem baixa a guarda perante os desafios. Cabeça sempre erguida. Tira a coroa, o salto e entra na briga pra defender seu reino, que se estende por onde passa, por aqueles que ama e em tudo o que crê. Não tem volta... e as feridas fazem parte da história, no corpo, na alma, nela e naqueles que cruzam o seu caminho. Ela não recua, abre espaço e vai em frente. Há muito chão pra se ganhar...


É a Rainha do Adeus. Ou será do Novo ? A Rainha das Oportunidades... de qualquer jeito, é a primeira palavra, a que ela mais diz, conforme eles vem e se vão ou ela chega e desaparece; por necessidade, paixão ou medo do que isso possa significar pra alguém que aprendeu a ser só. Quando se vê o mundo como se nada nem ninguém fosse nosso, e tudo a cada instante pudesse mudar e recomeçar, as possibilidades serão sempre infinitas.


...enquanto ela segue adiante, as oportunidades nunca deixarão de existir e o mundo inteiro se desdobra aos seus pés. Pés sozinhos, sem escolha nem parada certa, pois é justo o adeus que os mantém vivos...


E lá se vai a Rainha outra vez.

domingo, 1 de agosto de 2010

Eu sou o avesso de quem era ontem, talvez melhor ou pior do que quem serei amanhã, mas nunca, nunca a mesma. Ainda que a superfície te engane, que pense já ter entendido tudo; descoberto; aprendido meus melhores truques, as peças deste quebra-cabeça estão constantemente realocando-se em outros lugares.
Impermanência... só isso é que há de puro, simples e certo sobre mim.
Digo, repito, insisto, me contradigo mas não desisto... só pra aprender quantas voltas a vida dá. Na gente, inclusive. Eu corro embalada na minha ânsia e de repente descubro que a direção que quero não é bem aquela. Tudo bem, faço a meia volta... já não tenho mais vergonha de dar o braço a torcer.
O que eu quero ? Muitas vezes nem eu sei explicar. O mundo é grande demais e cheio de oportunidades, histórias, pessoas, coisas que se desdobram e se mostram frente à nós como um convite saboroso que às vezes nos embaralha as idéias e nos faz perder o fôlego. É demais. Mas pouco a pouco ou muito a muito, dependendo do dia ou do meu embalo, eu me acho e descubro um sentido nisso tudo.
Eu sei de onde vim e não me assusta não saber exatamente por que caminho devo ou quero seguir. Ainda tenho tempo e chão pela frente.

...não é a falta de respostas que me deixa com medo, e sim o dia em que eu parar de me questionar...

sábado, 24 de julho de 2010


Sigo buscando o meio. Um ponto que seja; um modo diferente, não necessariamente novo de enxergar aquilo e aqueles que me cercam... eu busco e luto por equilíbrio.

Desde as coisas mais simples do cotidiano até as mais complexas e enraizadas do meu ser, nada nunca é fácil. Muitas vezes vem o desespero, misturado com uma frustração desoladora e a vontade de se entregar à velhos vícios pra quem sabe assim, encontrar um pouco de alento... nem que só por uma noite. Mas por mais batalhas que eu perca, quantas vezes ainda vá cair do salto, sei que a guerra não acabou.

Minha busca por um novo rumo é uma decisão diária, que aos poucos vai se tornando parte de meus hábitos e quem sabe um dia, de mim...

Não quero me tornar outra pessoa nem esquecer ou apagar o que já fiz, por onde e por quem já passei. É tudo parte dessa história confusa, borbulhante, cheia de cor, vida e verdade que estou traçando. Levo comigo o que ficou de melhor e deixo pelo caminho o que já não me serve...

Aprendendo a ser livre da minha própria liberdade, vou como o vento, por onde ele quiser me levar. A ansiedade, guardei por uns tempos na gaveta e sigo tentando ser apenas o que de melhor eu puder naquele instante. E é bom demais...


...de um jeito torto, acabo me acertando. Me dêem algum tempo, e eu tomo o mundo de assalto.

domingo, 23 de maio de 2010


...e me apareceu no meio de uma noite genérica, com um sorriso no rosto e uma rosa nas mãos. Puro clichê da cabeça aos pés, com seus elogios treinados, gastos, acostumados a serem jogados com facilidade por e para tantas outras...

Mais uma dose; um beijo; dois corpos que se prensam e se atraem pela mais simples lei da natureza. E me deixo levar, ser levada, afastando os pensamentos e deixando que os instintos falem mais alto. Tem horas que eles gritam, eu grito, e aí fica difícil ignorar por mais estúpido e repetitivo que seja. Deixa ser... eu me deixo pra você.

..."e a carne procura por mais do que carne" dizia Bukowski. Mas tem certas horas no escuro ou no claro, que somente isso já basta. É, e você descobriu meu segredo... eu não preciso de algo que gire meu mundo de cabeça pra baixo, quando quero sei como e de que forma faço pra ele rodar; sentimentos são muitas vezes superestimados assim como as palavras, então cala a boca e continua me mordendo enquanto decido o que fazer com você.

Não tenho nenhum complexo de princesa, não estou por aí iludida beijando sapos em busca de algo mais. Se me divirto com os homens errados, é por escolha e porque de certa também não tenho quase nada.

A carne procura por mais do que carne, eu acredito nisso. Mas por hoje, tudo o que quero é um corpo junto à mim. Dependendo da história, pode até ser o teu...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Falar é fácil. Você lança sentenças e frases prontas como se fosse dona da verdade universal, quando na verdade não sabe nem mesmo quem é.
Quem dera fosse tudo tão simples quanto preto no branco, já que nesses tantos tons de cinza você se perde, te atordoam e de repente se vê perguntando se vale realmente a pena.
Será que você sequer sabe o que quer ? Me diz então, em alto e bom som, porque eu tô de saco cheio de tentar adivinhar...
Eu quero verdades, mas só as tuas já não me bastam. Tenho vontades que são tão maiores do que o teu mundinho restrito pode saciar. Então vai falando... já não dou a mínima.
...sinceramente, tudo que tenho pra te falar é bye,bye.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Recanto, meu canto...

O sol aparece pelas frestas das janelas de madeira, mas diferente de tantas outras vezes, agora eu me ponho de pé e o convido a entrar.
Com o vento nos cabelos e de frente praquela paisagem cheia de cores e texturas que me enchem os olhos num espetáculo particular, eu me vejo distante daquela menina que fugia das manhãs por medo ou preguiça.
É aqui, em meio a essa mistura de silêncio e suaves sons, quase timidos, como o sussurrar das folhas de uma arvore ou o canto de um passaro, que descubro a graça e o poder da simplicidade...
Eu continuo precisando do asfalto, do barulho, da gente, da cidade e ela de mim. Mas aqui, eu encontro o fôlego que preciso, algumas das peças que me faltam e a calma que lugar quase nenhum me dá.
Protegida pela sombra dos três pinheiros, cercada pelas flores e lembranças de uma doce velha infância numa casa de portão e janelas azuis, aquela em cima do mundo...
...eu tenho meu refúgio...
Deixo pra trás a realidade conturbada e até mesmo as fantasias necessárias que criei, para voltar aonde um dia eu soube ser somente uma.
...e o vento beija o meu rosto, o cheiro das flores invade o quarto e eu sorrio, leve, despreocupada. Enfim me lembro como é estar bem...

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Acontece como em tantas outras vezes antes, e já esgotei assim como estou esgotada do meu estoque de desculpas e justificativas que repito pra mim mesma e pros outros, tentando tornar um pouco menos escroto esse meu comportamento.

Mas enquanto eu cuido de minhas feridas, pelo menos daquelas que consigo enxergar, a garota do outro lado do espelho me fuzila com os olhos... uma mistura de deboche e pena. Tudo aquilo que empurro e que tento impedir que volte à superfície parece vir à tona através dela, através de mim... e me tira do sério. Eu me tiro do sério.

Eu perco o rumo ou faço questão de sair dele; me jogo em qualquer jogo, por necessidade ou distração; brinco com fogo e depois reclamo quando ele queima aquilo ou aqueles que amo... vivo perdida, vivo reclamando, dando de cara no chão, subindo pelas paredes, caindo ou jogada num canto qualquer em busca de atenção ou de silêncio absoluto. Eu nunca sei o que estou buscando, apenas sei que nada nunca é suficiente... nada nunca me faz parar, nem para essa necessidade histérica dentro de mim que dita meus passos e me controla quando controle é a última coisa que passa pela minha mente. Mas eu quero mais, eu quero o novo... eu estou simplesmente esgotada de me esgotar.

Não há quem me leve muito à sério. Eu já estive por aqui muitas vezes, fiz promessas e disse palavras bonitas, que eu julgava sinceras, cujas intenções eram reais mas que apesar de tanto, nunca deixaram de ser apenas isso... mas ainda assim, eu decido fazer outra aposta. Mas desta vez, não me contento em me dar apenas o benefício da dúvida. Quero acreditar em mim, mesmo que a minha história não me dê muitos motivos palpáveis ou racionais para tal.

Foda-se. O que passou, passou... deixa passar. Só assim podemos aproveitar o agora sem culpa, peso ou seqüelas que nos fazem cair em antigos e batidos padrões, e enfim, dar uma chance limpa, digna, pro futuro que nos aguarda.


...Até eu, tenho o direito de um recomeço. Só desse jeito, a vida pode ser realmente vivida, aprendi por aí...

terça-feira, 30 de março de 2010


...Isso é uma verdade da personagem, tá presente em todos os textos de alguma forma. Ela foge da manhã porque é aí que tudo se torna real.

Enquanto o amanhã for só futuro, fantasia, ela tem controle sobre ele. Sobre tudo. E o mundo é todo seu...

Mas chega a realidade avassaladora e é mais fácil se esconder, criar o seu mundo. Então ela fica maior do que si mesma, e vira personagem...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


E o ano acabou.
Não fiz promessas, deixei de lado as simpatias e decidi desta vez, nem mesmo olhar pra trás. Eu quero o novo, e quero agora.
Tudo aquilo que não me serve, que me fere ou me impede de ser quem desejo ser, se torna passado conforme o presente se anuncia e exige de mim o meu todo.
... as amarras foram desfeitas, portas se abriram e outras se fecharam. Um outro caminho se mostra frente aos meus pés e eu sigo.
Pouco a pouco descubro o que fazer com a minha liberdade.