sábado, 9 de abril de 2011


Seus olhos fixos nos meus, meus lábios fixos em outros e a decepção latente gritando silenciosa e cheia de fúria através dos mesmos olhos negros que continuavam a me encarar, não importa o quanto eu os evitasse. Uma facada. Em você, e quem diria, em mim...


Eu fugi, ainda que sem sair do lugar; acabei com as esperanças e as futuras linhas do conto que, tempos atrás com um sorriso no rosto, você planejou transformar em história. Te afastei, cuspi no prato que comi, na cama que deitei, no corpo que me enlacei e que diferente de tantos outros, foi mais do que apenas um corpo... e talvez por isso, justamente por isso, eu tenha jogado com tanta brutalidade pra escanteio, não só como um brinquedo do qual me cansei, mas como um do qual peguei aversão. Melhor assim. Sem explicações nem despedidas, apenas ir antes que seja tarde demais.


...é mais fácil vestir a máscara e agir feito a filha-da-puta que esperam, provocando brigas, arrumando qualquer confusão ou desculpa que seja, pra te ferir e te mandar embora, porque, como todo bicho que se sente acuado minha defesa é o ataque. Foi mal, ou não.


Então eu te piso, enfio o salto agulha bem fundo na ferida aberta até te ouvir urrar de dor, um pouco porque eu posso, é o hábito, outro pouco porque eu preciso sentir e saber que você se importa, que tudo não foram só frases perdidas e beijos ordinários em quartos escuros onde o tempo se estendia e se perdia conosco entre os lençóis. E a fúria vai sendo vencida pela decepção na batalha que travam para ver quem domina os seus olhos negros e desiludidos, que sem vergonha nem jogos, nunca se preocupou em demonstrar exatamente o que queria desde a primeira vez em que cruzou com a incerteza curiosa dos olhos meus.


É, eu consegui o que queria. Então diz por que eu também pareço estar ferida?

...tanto no amor quanto na guerra, de qualquer jeito todos nos fudemos um pouco, sempre. Às vezes só demoramos mais a perceber...

quinta-feira, 7 de abril de 2011


...reality can be such a bitch...

E tudo o que foi feito parece ter perdido a importância, jogado no ralo, assim como as esperanças e as apostas que volta e meia faço comigo e com outros... por outros... quem sabe assim fique mais fácil de cumpri-las ?!? Mas nunca fica. A corrida não segue em frente, seja porque vivo dando voltas, tropeçando em velhas armadilhas das quais já deveria ter aprendido a escapar ou girando em círculos, perdida, sem rumo, caminho, nem lugar.

Ferindo com a mesma bestialidade e facilidade que me deixo ferir, colecionando vítimas tanto quanto perdas e cicatrizes, navegando em meio à tempestade porque não consigo enxergar os dias claros. Quando eles vêm, são fortes demais para que agüente, para que qualquer um agüente e então, eles me prendem... vale qualquer coisa que me faça parar. Mudar. Só não enxergam que estas mesmas amarras servem de alimento, como um incentivo ou um desafio delicioso pro bicho que existe em mim e que não vai a lugar algum, queiram eles o quanto for. Uma hora me solto, me jogo, me lanço de olhos fechados, porque a emoção da possibilidade do novo vale a pena todas as conseqüências, feridas e humilhações que possa vir a agüentar.

...não faz diferença. Uma hora eu canso de bancar o monstro de estimação, fujo, desapareço, quebro tudo incluindo eu mesma, pra poder depois me remontar... aonde e da forma que quiser. Sem amarras, julgamentos, ilusões nem expectativas que são e sempre serão grandes demais pra mim, parte de um mundo ao qual eu não pertenço e nem tenho certeza se quero algum dia pertencer.

Então respiro forte, fundo, enquanto continuo deixando o silêncio com o qual tanto luto, dominar por mais algum tempo... e de repente, eu dou o bote.